O Inep calcula que 70 mil pessoas preencheram o cartão de resposta incorretamente. Os alunos prejudicados poderão ter uma correção especial das provas. O MEC recorrerá à decisão da suspensão do exame.
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O Ministério da Educação e o Inep também deram explicações sobre os outros problemas das provas.
O instituto responsável pelo Enem reconheceu os problemas nas provas.
No caso do cartão de resposta, o Inep avalia que pelo menos 70 mil estudantes preencheram incorretamente, 2% do total. E diz que os cálculos foram feitos com base nas informações prestadas pelos aplicadores das provas e na reclamação dos alunos.
Mas esse número pode mudar. Ele só deverá ser conhecido a partir de quarta-feira, quando o Inep vai pôr à disposição dos alunos que se sentiram prejudicados um requerimento na internet. Nele, os estudantes poderão pedir uma correção especial da prova.
Sobre a prova amarela, em que faltaram questões ou houve erro nos cabeçalhos, o Inep diz que foram distribuídas cerca de 21 mil provas nessa situação, mas que apenas 1,8 mil não foram trocadas.
“Havia 21 mil provas com erro de impressão para 370 mil provas amarelas sem erro de impressão sobressalentes. Essa é a razão pela qual não estão nos chegando relatos de impossibilidade de substituição com algumas exceções”, declarou Fernando Haddad, ministro da Educação.
O presidente do Instituto, José Joaquim Soares Neto, em entrevista ao vivo ao Jornal Hoje, disse que estuda dar a esses alunos uma nova oportunidade: “Nós vamos verificar a possibilidade e, se for o caso, vamos reaplicar a prova pros alunos, de forma que ninguém será prejudicado”.
Para a Justiça do Ceará, o caminho é outro. A juíza Karla de Almeida Miranda Maia, que determinou a suspensão do Enem, aceitou os argumentos do Ministério Público Federal, que considera que qualquer decisão tem que ser igual para todos.
Segundo a juíza, o Inep não considerou a real gravidade dos erros cometidos, e a realização de novas provas só para alguns candidatos poria os outros em desigualdade de condições.
Para a Defensoria Pública da União, a melhor saída seria reaplicar as provas de sábado para todos os alunos, e ameaça entrar na Justiça.
“Não sendo tomadas as medidas cabíveis será dado prazo de dez dias, a partir de então a Defensoria Pública da União ingressará com ação em juízo, ação civil coletiva, postulando a anulação da prova do concurso Enem 2010”, explica o defensor público Ricardo Emílio Salviano.
O Ministério da Educação divulgou uma carta da gráfica que imprimiu as provas do Enem. A empresa diz que as regras de sigilo impediram a revisão de todas as provas. E se responsabilizou em adotar as medidas necessárias para resolver o problema.
O presidente da Ordem dos Advogados defendeu o Enem. Mas cobrou do MEC uma investigação profunda e transparente. Para os alunos, recomendou calma: “Ainda é precipitado neste momento dizer se deve ou não ser anulado o exame. É necessário que se investigue um pouco mais, mas sempre sob a ótica do interesse público”, diz o presidente da OAB, Ophir Cavalcanti.
O ministro da educação informou que pretende apresentar argumentos à Justiça do Ceará para mostrar que as novas provas teriam o mesmo nível de dificuldade e que os outros alunos não seriam prejudicados.
Fernando Haddad disse que só vai recorrer se a Justiça não aceitar as explicações. Segundo o ministro, apesar da suspensão do Enem, a divulgação do gabarito está mantida para esta terça, assim como a divulgação do resultado final, em janeiro.
O Globo - edição do dia 08/11/2010
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