Agricultor assassinado estava jurado de morte, disse Juraci Santana em agosto de 2013.




Em agosto do ano passado agricultores do sul Bahia e populares de Buerarema fizeram uma grande manifestação fechando a BR-101, contra a ação violenta da milícia indígena na região. Dezenas de pequenas propriedades incluindo lotes de assentamento da reforma agrária vinha sendo invadidos por milicianos. 

Os manifestantes interditaram as duas pistas da rodovia, queimando paus e pneus, com objetivo de chamar a atenção das autoridades para a situação. Em solidariedade ao movimento, o comércio e as escolas de Buerarema não funcionaram naquela sexta-feira, 16 de agosto. 

Na ocasião, o jornalista Domingos Matos, responsável pelo blog O Trombone, entrevistou o agricultor Juraci Santana. “Eles usam rifles, espingardas e fazem rondas nas estradas, armados. Nessa semana eu fui perseguido por um deles, que me ameaçou de morte. Fugi de moto, mas caí e acabei me ferindo. Hoje, sou um homem jurado de morte por eles”, disse Juraci na ocasião. O agricultor, residente em um dos quatro assentamentos de reforma agrária localizados na área de conflitos, foi assassinado a tiros na última segunda feira, 10, na frente da mulher e da filha menor de idade. 

Na ocasião, os agricultores se mostravam confusos com as políticas do Governo que, por um lado, estimula a produção em áreas de assentamentos e, por outro, tolera a invasão das mesmas terras por indígenas. “Ora, se existem quatro assentamentos na área, por que o governo, através da Funai, estimula essas invasões? Para muita gente é apenas uma contradição mas, para nós, é ameaça de morte”, ponderou outro produtor, que também se declara ameaçado de morte, e por isso pediu anonimato. 

Depois desse episódio em agosto, Juraci esteve pessoalmente com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e denunciou a ação da Funai fornecendo Registros de Nascimento Indígena a mulatos e mamelucos no sul da Bahia e as invasões das propriedades por esses índios fabricados. O que fez o Ministro Cardozo? Mandou a Polícia recuar nas ações de reintegração de posse e articulou com o Procurador Geral da República a suspensão das liminares de reintegração de posse de mais de 70 propriedades invadidas pela milicia indígena. Deu guarida a ação dos criminosos. Cultivou a violência e colheu o cadáver anunciado de Juraci Santana. 

Assassinato pode estar ligado a máfia de criação de índios falsos pela Funai 

Segundo o presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Una, Ilhéus e Buerarema, Abiel da Silva Santos, Juraci vinha sendo pressionado a se autodeclarar índio e aderir ao movimento de demarcação de terra da Funai. “Ele não aceitou se cadastrar como índio e enfrentou todos aqueles que tentaram tomar o Assentamento Ipiranga”, declarou Abiel. Juraci teria denunciado a ação da Funai ao próprio Ministro da Justiça em encontro recente.

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