Dois caminhões foram incendiados na Rodovia Fernão Dias nesta segunda.
Estudante foi morto por PM; soldado foi preso e vai responder processo.
Caminhão é incendiado durante ato na Fernão Dias. (Foto: Mario Ângelo/Sigmapress/Estadão Conteúdo) |
Protestos contra a morte do estudante Douglas Rodrigues bloquearam a Rodovia Fernão Dias, na região do Jaçanã, na Zona Norte de São Paulo, desde 18h40 desta segunda-feira (28). Cinco ônibus e dois caminhões foram incendiados na rodovia ou em ruas próximas.
O estudante foi baleado por um policial militar no domingo (27). O soldado foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção), mas foi preso por determinação da Polícia Militar (PM). O advogado do policial alega que o disparo foi acidental.
No domingo, moradores da região também protestaram, mas os atos terminaram em vandalismo: três ônibus foram incendiados e lojas depredadas.
Nesta segunda, a concessionária AutoPista Fernão Dias informou que a pista sentido São Paulo foi liberada no km 86 por volta das 20h15. Ainda segundo a concessionária, a pista sentido Belo Horizonte continuava bloqueada no km 86 às 22h. É neste sentido que estavam os caminhões incendiados. A pista chegou a ser parcialmente liberada por alguns minutos, mas a concessionária voltou a bloquear totalmente o sentido Belo Horizonte.
A concessionária montou desvios na altura do km 80 e 85 para quem trafegava no sentido São Paulo. Os motoristas que seguiam para Belo Horizonte foram desviados para Via Dutra. Houve quatro quilômetros de filas em ambos os sentidos.
A manifestação também complicava o trânsito na capital: o motorista encontrava lentidão no sentido Rodovia Ayrton Senna da Marginal Tietê por volta das 19h45. No horário, havia lentidão por cerca de 7,5 km nas pistas expressa e local da via entre as pontes Casa Verde e Tatuapé. Na via central, eram 5,5 km de filas da Rua Cristina Tomas até a Ponte Jânio Quadros.
Vandalismo na Zona Norte
Nesta segunda, os atos de vandalismo se concentraram na Rodovia Fernão Dias. Caminhões foram saqueados e incendiados. Além do ônibus que ficou destruído, um ônibus de turismo foi parado e teve bancos queimados. Ninguém ficou ferido.
Grupos também protestaram em ruas da Zona Norte. Lixeiras foram danificadas e objetos foram incendiados em vias da região, como a Avenida Edu Chaves. Com medo de saques, comerciantes fecharam as portas mais cedo nas imediações da Vila Medeiros.
As manifestações se intensificaram no fim da tarde, após o enterro do estudante. Depois de o grupo ter ateado fogo aos primeiros caminhões, a Polícia Militar chegou ao km 86 da Fernão, onde os manifestantes se concentravam.
Por volta das 19h20, um grupo de manifestantes dirigiu um caminhão-tanque pela rodovia, conforme mostrou o SPTV. A PM chegou a usar bombas de efeito moral e afastou os manifestantes do veículo, segundo a GloboNews. O mesmo grupo que tomou o controle do caminhão-tanque também dirigiu um ônibus de turismo.
De acordo com o Jornal Nacional, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, entrou em contato na noite desta segunda-feira com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para articular uma ação integrada nesta região da cidade, já que a Fernão Dias é uma rodovia federal.
Policial detido
O policial militar Luciano Pinheiro, de 31 anos, preso por suspeita de matar Douglas Rodrigues, alega que o tiro que atingiu o estudante foi acidental. O policial militar havia sido "autuado em flagrante delito por homicídio culposo (quando não há a intenção)". Ele foi detido por determinação da corporação.
A família diz que o adolescente passava com o irmão de 12 anos em frente a um bar da Rua Bacurizinho, esquina com a Avenida Mendes da Rocha, quando um policial militar que chegou ao local para averiguar uma denúncia atirou.
Na noite de domingo, o incidente gerou um violento protesto por parte de moradores da Vila Medeiros, que incendiaram três ônibus, atiraram pedras em veículos e destruíram lixeiras e telefones públicos neste domingo.
A Força Tática da PM precisou recorrer a bombas de gás lacrimogêneo e a disparos de balas de borracha para dispersar os manifestantes. Duas agências bancárias da Avenida Roland Garros também foram danificadas, além de um carro da polícia apedrejado.
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