Pedro Antunes
Uma lâmpada fraca ilumina o ambiente desértico, imundo, e exibe dois homens, frente a frente. A luz esparram-se e se perde na desconfiança latente que existe entre ambos. O clipe de “O Delator”, do Cascadura, lançado com exclusividade pelo Sobe o Som , poderia muito bem ter saído de algum FILME de suspense, com tensão exalando dos dois protagonistas – neste caso, Fábio Cascadura (voz e guitarra) e Jajá Cardoso, vocalista do Vivendo do Ócio, em participação especial.
A ideia do vídeo nasceu de uma conversa com Glauco Neves, que posteriormente assinaria a direção do clipe ao lado do também diretor de fotografia Carlos Faria. “Construímos o argumento: dois caras que se acusam mutuamente, ambos culpados por não confiarem um no outro”, explicou Cascadura, que forma o grupo ao lado de Du Txai (guitarra), Thiago Tard (bateria), Cadinho (baixo) e Nielton Marinho (percussão).
O cenário escolhido foi uma garagem de ônibus no subúrbio de Salvador, na Bahia, e trouxe o isolamento necessário para o ENCONTRO entre os dois delatores que estrelam o vídeo. “Só digo o que mandam e o que vejo / Só digo o que sei / Apontei o culpado com um beijo / Beijei mais de cem”, canta Cascadura. Jajá responde: “Porque eu fiz por bem / Aquilo que eu fiz, foi por bem / E isso fica entre nós / Ninguém precisa saber”.
“A ideia para essa composição surgiu em maio às gravações de Aleluia, entre 2011 e 2012”, relembra o guitarrista e vocalista que dá nome à banda. Primeiro veio o riff, seguido da melodia. Os versos e a temática, segundo ele, surgiram por último, como de costume. “Pensei em abordar esse aspecto da delação em confronto ao segredo e, sobretudo, as motivações que levam alguém a fazer uma delação.”
Cascadura lembra que suas letras costumam questionar aspectos turvos “da existência humana”. “Já havia tratado da inveja em ‘Caim’, do julgamento moral, em ‘Não posso Julgar Ninguém’”, conta ele. “Aí, quis falar dessa coisa do dedo-duro, mas sem colocar ali um julgamento moral.”
Assista ao clipe de “O Delator”:
“O Delator”, dentro do disco Aleluia, funciona como um recado, ou “aquela lembrança de que o Cascadura é uma banda de rock, com muitas possibilidades, mas ainda uma banda de rock”, como diz o vocalista. O álbum, o quinto da carreira do grupo e duplo, foi novamente produzido por André T e Jô Estrada, dupla que havia trabalhado com a banda no trabalho anterior, Bogary.
O ano de 2014 também marcou o 22º aniversário do primeiro show do grupo, em 1992, e a banda criou show com 22 músicas, “uma para cada ano da nossa trajetória”, conta Cascadura. O resultado agradou tanto que cairá na estrada. “Foi fantástico! Trabalhoso, mas fantástico! As pessoas piraram. Aí, resolvemos seguir fazendo isso em outros lugares também”, diz o músico. “Ainda estamos estruturando tudo”, continua Cascadura. “Cada apresentação terá um repertório diferente – são mais de 70 músicas lançadas. A gente quer partilhar isso com as pessoas. Vai ser massa!
Fonte: Site Rollingstone
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